O país se prepara para as eleições municipais que se aproximam. Ao todo, 5.565 municípios brasileiros assistirão ao espetáculo que, oficialmente, inicia-se em julho e terá uma duração de 3 meses, até que se encerre no dia 7 de outubro, num domingo. Estará à disposição do povo a livre escolha de seus vereadores e prefeitos, cujos mandatos regerão o futuro das cidades.

Bem sabemos, a duração da campanha eleitoral não é oficial, muito menos é livre a escolha do povo. O que deveria ser uma campanha limpa e justa, no período de 3 meses, já vem acontecendo há algum tempo, onde muitos partidos políticos e seus filiados se tornam meras mercadorias nas mãos dos poderosos. O voto também não é livre, pois a liberdade de escolha é corrompida pelo poder econômico e político. É difícil apontar uma única cidade, dentre as milhares espalhadas pelo país onde não haja qualquer tentativa de sabotagem do Voto, a qual influencia definitivamente o destino de um povo.

A feira já começou, partidos, filiados e pretensos candidatos são negociados feito ações nas bolsas de valores e a “feira de gente” é iminente. Cada região do país tem seus métodos de usurpação do poder. Se voltarmos nossos olhares à cidade de Aquiraz, depararemo-nos com uma realidade secular, a compra de voto. Duvido que alguém que leia esta publicação não tenha algo para contar a respeito.

O mapeamento político-mercantil de Aquiraz se faz por uma questão numérica. Onde há maior aglomeração de pessoas, maiores serão os “investimentos”. Quanto maior a força de liderança em uma comunidade, maior será o valor capital dessa pessoa e assim vai. Se alguém tiver destaque numa determinada ação, área etc. logo será avistado pelos abutres que buscam o poder e, consequentemente, será assediado na tentativa de ser abduzido de suas funções morais e éticas, ou seja, devido as tentações financeiras e ilusórias promessas de emprego etc. a pessoa se deixará levar.

A feira de gente é ilegal, porém, em muitos casos é explícita, principalmente no dia em que é conhecido como o “dia D”, que se inicia na calada da noite do sábado para o domingo da votação e onde é derramado milhares de Reais pela compra de votos. As pessoas tornam-se mercadorias, pois já não interessa os problemas sociais e coletivos. Gastam-se 400, 500 Mil Reais numa campanha para vereador, por exemplo, sabendo-se que o salário bruto, bruto, de um vereador, que gira em torno de 5 Mil Reais, chega a, no máximo, R$ 240 Mil durante todo o seu mandato. Veja que não estamos considerando o Imposto de Renda, o INSS e demais encargos.

Vale lembrar que, além de ilegal e corrupta, a venda de voto é uma atitude covarde – e não falo mais de quem compra, pois este já é um viciado político sem escrúpulos -. É uma atitude covarde, pois, quem vende o voto, compromete o bem-estar da sua família, do seu vizinho, que nada tem a ver com a estupidez de quem vende, e de si próprio. Enquanto um imbecil vende o voto, achando que se deu bem, uma comunidade inteira pode amargar quatro anos de ausência de uma força política que atue verdadeiramente na sociedade e, assim, traga os reais benefícios de que o povo precisa. Por uma atitude estúpida de quem vende o voto o povo pode sofrer os descasos pelos quais estão acostumados a sofrer.

É ridículo alguns “espertos” se aproveitarem da fragilidade de pessoas e famílias em situações precárias as usando como barganha para angariar verbas que, por vezes, apenas custeiam uma conta de luz, remédios, a conta da água, um botijão de gás, um milheiro de tijolo, um pneu, bebidas, cestas-básicas, a carteira de motorista, a promessa de emprego etc.

A feira de gente bem poderia ser tomada como um ato de extremo desrespeito com o povo, e sem dúvidas é, mas passa como algo natural, e para alguns até bonito. Infelizmente, o volume de dinheiro aplicado para fazer o mal (do povo) é algo sem igual, pois as cédulas seduzem os olhos e cegam os corações e mentes de quem pode mudar essa triste realidade, o próprio povo.

Para finalizar, deixo aqui, minha infinita repugnância à feira de gente, onde o povo é comprado feito mercadoria e dele, posteriormente, é extraído em benefício próprio (do mau político) todo investimento realizado em campanha, além da busca pelos lucros que o sistema pode oferecer. Tal retorno de investimento e busca de lucros corresponde ao dinheiro que seria empregado em prol de toda sociedade. Infelizmente é assim que as coisas funcionam. Eu quero acreditar que isso vai mudar, pois a minha parte eu sempre fiz e faço! Agora é com vocês!

Um brasileiro indignado,
Joaquim Paiva